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transfobia é a discriminação relativa às pessoas transexuais e transgêneros.
Seja intencional ou não, a transfobia pode causar severas consequências para
quem por ela é assim discriminado. Os ditos transexuais também podem ser alvo
da homofobia, tal como homossexuais podem ser alvo de transfobia, por parte de
pessoas que incorretamente não distinguem identidade de género de orientação
sexual. Como outras formas de discriminação, o comportamento discriminatório ou
intolerante pode ser direto (desde formas fisicamente violentas até recusas em
comunicar com a pessoa em causa) ou indireto (como recusar-se a garantir que
pessoas transexuais sejam tratadas da mesma forma que as pessoas cissexuais). A
transfobia pode também ser definida como aversão sem controle, repugnância,
ódio, preconceito de algumas pessoas ou grupos contra pessoas e grupos com
identidades de gênero travestis, transgêneros, transexuais, também denominados
população trans. Historicamente, há uma sobreposição dos papéis socialmente
construídos para homens e mulheres às anatomias genitais tradicionalmente
entendidas como feminina (vagina) ou masculina (pênis). Essa sobreposição leva
ao entendimento da categoria sexo como algo universal (todos os seres vivos
teriam sexo), binário (macho e fêmea) e globalizante das identidades e papéis
sociais. Assim, pessoas e grupos trans vivenciam vários níveis de
discriminação, o que incorre em sofrimento e negação de direitos.
No Brasil
não há a tipificação desse tipo de crime. Encontra-se no Congresso Nacional o
Projeto de Lei nº 122/2006 (PL 122), apresentado em 2006 na Câmara dos
Deputados, mas que ainda não tramitou pelas duas Casas que compõem o Congresso
Nacional para que possa ser assinado como Lei. O PL tem como objetivo
criminalizar a discriminação motivada pela orientação sexual ou pela identidade
de gênero da pessoa discriminada, ou seja, tem o objetivo de criminalizar
homofobia, transfobia e lesbofobia. Em 29 de janeiro de 2004, ativistas
transexuais participaram, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira
campanha contra a transfobia no país. A partir de então, 29 de janeiro é o Dia
da Visibilidade Trans, cujo objetivo é ressaltar a importância da diversidade e
respeito para o movimento trans (travestis, transexuais e transgêneros). Há muitos
exemplos de transfobia em diferentes formas e manifestações pela sociedade.
Algumas instâncias claramente envolvem violência e extrema malícia, enquanto
outras envolvem uma falta de conhecimento ou experiência com a condição, às
vezes envolvendo predisposição inconsciente baseada em ditos religiosos ou
convenções sociais.
Transfobia no sistema judiciário - Um exemplo
é o caso de Roberta Góes Luiz em São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
Roberta entrou com processo de adoção de uma criança do qual os cuidados a
foram entregues pela própria mãe da criança, uma menor de idade que não tinha
condições de cuidar do recém-nascido. O Tribunal de Justiça, a pedido do
promotor de justiça Cláudio Santos de Moraes, negou a guarda da criança à
Roberta com a justificativa de que "Roberta
e o companheiro, Paulo, são pessoas de bem, têm condições financeiras, mas não
formam um casal normal." No entanto, esse pensamento é impositivo por
parte daqueles que defendem o termo "Transfobia ", pois o juiz apenas
emitiu ou cumpriu a lei, que também protege o direito da livre manifestação de
pensamento. Ser a favor ou contra algo não o torna criminoso. Outro
exemplo é o de Luíza Mouraria em São Vicente, litoral paulista. Luiza manteve
um relacionamento amoroso com um rapaz, Daniel Guilherme sem que o mesmo
soubesse do fato de Luiza ser transexual. Quando descobriu, Daniel junto com
seu irmão, André Guilherme, planejaram o assassinato de Luiza. A mesma foi
agredida até a morte com socos, pontapés e um pedaço de madeira. Depois
prenderam junto ao corpo uma pedra e o atiraram ao mar. André e Daniel tiveram
prisão preventiva, mas foram soltos 30 dias depois devido habeas-corpus
concedido pelo Supremo Tribunal de Justiça. No processo (HC 53296) Luíza é
tratada como um "homossexual que se travestia de mulher e se apresentava
como Luíza."
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