Projeto de lei
da Câmara 122 de 2006, denominado no Senado como PLC 122/2006 e popularmente
conhecido como PL 122, é um projeto de lei brasileiro apresentado pela então
deputada Iara Bernardi (PT - SP). O projeto de lei tem por objetivo
criminalizar a homofobia no país e encontra-se na Comissão de Direitos Humanos
do Senado Federal do Brasil, sob relatoria da Senadora Marta Suplicy (PT -SP).
É considerado por importantes juristas, entre eles dois ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF), como constitucional. A aprovação imediata de alguma
legislação específica para a criminalização da homofobia é apontada como
"urgentemente" necessária no país por alguns especialistas. Para
algumas entidades cristãs (católicas e protestantes), o projeto fere a liberdade
religiosa e de expressão, por prever cadeia (até 5 anos) para quem criticar
publicamente a homossexualidade, seja qual for a razão. O Projeto de Lei da Câmara (PLC)
122/2006 propõe a criminalização dos preconceitos motivados pela orientação
sexual e pela identidade de gênero, equiparando-os aos demais preconceitos que
já são objetos da Lei 7716/89. Esse projeto foi iniciado na Câmara dos
Deputados, de autoria da ex-deputada Iara Bernardi e que ali tramitou com o
número 5003/2001, que na redação já aprovada propunha, além da penalização
criminal, também punições adicionais de natureza civil para o preconceito
homofóbico, como a perda do cargo para o servidor público, a inabilitação para
contratos junto à administração pública, a proibição de acesso a crédito de
bancos oficiais e a vedação de benefícios tributários. Segundo pesquisa
telefônica conduzida pelo DataSenado em 2008, com 1120 pessoas de todas as
cinco regiões do Brasil, 70% dos entrevistados posicionaram-se a favor da
criminalização da discriminação contra homossexuais no país. A aprovação é
ampla em quase todos os segmentos, no corte por região, sexo e idade. Mesmo o
corte por religião mostra uma aprovação de 54% entre os evangélicos, 70% entre
os católicos e adeptos de outras religiões e 79% dos ateus. Entre aqueles entre
16-29 anos, 76% apoiaram o projeto. Ainda de acordo com a pesquisa, as pessoas
com melhor nível de escolaridade tendem a ser mais favoráveis ao projeto de lei
- 78% das pessoas com ensino superior e 55% das pessoas com o 4º ano da escola.
No entanto, outra enquete do DataSenado, esta feita em 2009 com quatrocentos
mil pessoas na internet, indicou que 51,5% dos brasileiros são contrários ao
PL-122, enquanto 48,5% são favoráveis. Em 7 de agosto de 2001, Iara Bernardi
apresentou um projeto de lei na Câmara dos Deputados com o objetivo de
criminalizar a homofobia. O projeto recebeu a denominação de PL 5003/2001 . O
projeto tramitou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados e em seguida foi encaminhado para o Plenário. Inicialmente, o PL
5003/2001 não tinha a intenção de alterar a Lei Federal nº 7.716 de 5 de
janeiro de 198914 , que prevê punições para crimes resultantes de discriminação
ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Durante a
tramitação do PL 5003/2001, outros projetos foram anexados ao mesmo por terem
conteúdo semelhante. No ano de 2005, então Deputado Luciano Zica (PT - SP),
relator do projeto na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, apresentou
seu parecer no qual fez modificações ao projeto original do PL 5003. A versão
que saiu da CCJ da Câmara e foi aprovada em Plenário previa várias situações
nas quais se caracterizaria a homofobia e suas respectivas punições, como: a
dispensa de empregados por motivo de sexo, orientação sexual e identidade de
gênero (art. 4º); a proibição de ingresso ou permanência em qualquer ambiente
ou estabelecimento público ou privado, aberto ao público; a recusa ou prejuízo
a alguém, em sistema de seleção educacional, recrutamento ou promoção funcional
ou profissional; a recusa de hospedagem, ou cobrança de sobretaxa, por parte de
estabelecimentos do gênero (art. 5º); a recusa em negociar bens móveis ou
imóveis com determinado sujeito por motivos discriminatórios (art. 6º); o
impedimento ou restrição de manifestação de afetividade homossexual, bissexual
ou transgênero, quando estas expressões e manifestações forem permitidas aos
demais cidadãos (art. 7º); entre outras. Por força do processo legislativo
brasileiro, o PL 5003/2001 foi remetido ao Senado Federal e recebeu uma nova
numeração, passando a ser denominado "Projeto de Lei da Câmara 122 de
2006", fazendo referência ao número da proposição e o ano em que foi
recebida. O termo PLC é usado para diferenciar dos projetos de lei ordinária
que são oriundos dos Senadores e nada tem relação com projeto de lei
complementar. No Senado, o agora PLC 122/2006 já tramitou nas Comissões de
Assuntos Sociais (CAS), está na Comissão de Direitos Humanos (CDH) e seguirá
para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) antes de ir à
Plenário. No ano de 2007, o PLC 122/2006 foi recebido pela Comissão de Assuntos
Sociais e a ex-Senadora Fátima Cleide (PT - RO) foi designada para ser relatora
da proposição. O seu parecer ao PLC 122 foi dado no ano de 2009, e fez novas
mudanças profundas no projeto, como a inclusão da criminalização do preconceito
e discriminação contra pessoas idosas e com deficiência e a retirada de vários
artigos do projeto aprovado na Câmara. O PLC 122/2006 encontra-se na Comissão
de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, sob relatoria
do Senador Paulo Paim, desde 17.12.2012. A ex-senadora Marta Suplicy (PT - SP)
chegou a apresentar uma prévia do seu parecer em maio de 2011, que não chegou a
ser lido nem votado devido às polêmicas em torno do projeto. O Senador Magno
Malta (PR - ES) apresentou um requerimento, que foi aprovado na CDH do Senado,
solicitando a realização de audiências públicas em torno do PLC 122 de 2006.
Seriam convidados: ABGLT e filiadas, OAB, CNBB, FENASP, o pastor Silas Malafaia
e o pastor Joide Miranda. Os convites foram retirados em 13.08.2012. A data da
audiência não foi marcada e há a possibilidade de que, caso haja um acordo
sobre o projeto, não chegue a ser realizada. Os Senadores Marcelo Crivella (PRB
- RJ), Demóstenes Torres (DEM - GO) e Marta Suplicy se reuniram para definir um
novo texto ao PLC 122/2006 que agrade tanto setores do movimento LGBT quanto os
religiosos. A discussão gira em torno de uma proposta (ainda não divulgada) do
senador Marcelo Crivella. O novo texto deverá ser debatido por ambas as partes
interessadas e ainda será apresentado na Comissão de Direitos Humanos do Senado
para ser votada. Para tentar um acordo com as entidades religiosas que se opõem
ao projeto, a senadora Marta Suplicy, relatora do PL 122 no senado, modificou o
texto para proteger cultos religiosos da criminalização. A modificação feita
diz que a nova legislação "não se aplica à manifestação pacífica de
pensamento decorrente da fé e da moral fundada na liberdade de consciência, de
crença e de religião." No entanto, o novo texto foi reprovado por
defensores dos direitos LGBT, que consideraram que a alteração descaracteriza o
objetivo original da lei, e ainda não foi suficiente para conquistar o apoio da
bancada evangélica no parlamento. O PL 122 seria votado na Comissão de Direitos
Humanos do Senado no dia 8 de dezembro de 2011, mas sua votação acabou adiada.
Alguns grupos, de maioria cristãos (católicos e protestantes), se opõem ao
texto do PLC-122 alegando que este fere o princípio de liberdade de expressão.
Tais grupos afirmam que, da forma como o projeto era redigido, qualquer
manifestação criticando a conduta dos homossexuais poderia ser caracterizada
como discriminação ou preconceito. Cristãos afirmam que o projeto fere a
liberdade religiosa e cria uma casta privilegiada. Um abaixo-assinado com mais
de 1 milhão de assinaturas contra o PLC-122 foi entregue ao presidente do
Senado. Em 1 de junho de 2011, mais de 70 mil protestantes e católicos protestaram
em frente ao Congresso Nacional do Brasil contra o PLC-122. No mesmo dia, no
programa Manhã no Parlamento da Rádio Câmara, o pastor Silas Malafaia, da
Assembleia de Deus, acusou o PL 122 de criar privilégios para os homossexuais
de forma inconstitucional, dizendo "Existe uma diferença gritante entre
criticar uma determinada conduta e discriminar pessoas" e ainda "O
que eles não suportam é a crítica". Na Marcha para Jesus de 2011, Silas
Malafaia criticou a aprovação da união estável entre pessoas de mesmo sexo,
orientando seus fiéis a não votarem em parlamentares defensores do PL 122.
"Ninguém aqui vai pagar de otário, de crente, não. Se for contra a família
não vai ter o nosso voto", afirmou Malafaia, usando vocabulário que foi
considerado "vulgar" pelo Portal iG, por conter termos como
"otário" e "lixo moral". Segundo Malafaia, este dispositivo
(o PL 122) abre um precedente que criminaliza a conduta de um pastor que, por
questão de princípios, impedisse a ocorrência ou o prosseguimento manifestações
homoafetivas no interior de seu estabelecimento religioso. Existem informações
de que o Exército Brasileiro também manifestou preocupação com a eventual
aprovação do projeto. Os comandantes que procuraram o senador Marcelo Crivella
temem que a lei os obrigue a mudar a atual postura da instituição, o que
passaria a ser considerado um crime de discriminação com a aprovação da
legislação. Apesar de não ver qualquer inconstitucionalidade no projeto de lei,
o advogado Ives Gandra da Silva Martins, especialista em direito
constitucional, tem "receios quanto aos efeitos do projeto", dizendo
que 'explicitar demais' o problema pode levar à "discriminação às
avessas", como, por exemplo, uma possível proibição de leituras de
"textos sagrados" que criticam a prática homossexual.
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